Já ando na bicicleta com um mapa à frente desde 2000. Acho este desporto fascinante, não é só pedalar, é tomar decisões com base numa análise rápida e focada de um mapa cheio de conteúdo em momentos de grade esforço físico.
A orientação é o desporto dos se´s, quantas vezes a gente não se questiona:
- "perdi 2 minutos nesta opção" ou "desorientei-me e enganei-me, perdi 4 minutos", e depois vamos comparar o nosso resultado com o vencedor e a conclusão é: "se não fizesse erros ganhava!"
Toda a gente comete erros, essa é a grande verdade, não há provas perfeitas na orientação, e isso é que é a beleza do nosso desporto. Conciliar a capacidade mental com a potência física é o segredo!
Revalidei este fim-de-semana os títulos ibéricos de distância longa e distância média, mas afinal que importância pessoal têm estas vitórias para mim, tenho pensado nisso, e a conclusão a que chego é: absolutamente nenhuma, apenas fica o orgulho de representar a selecção e de dar mais dois títulos a portugal. Não vou às competições ficar à frente de ninguém, o meu objectivo é simplesmente lutar contra o relógio (ele não pára!). Por isso a minha motivação não é ficar à frente dos espanhois ou ser o melhor português, mas sim sentir que fiz a prova QUASE perfeita. Devo dizer que fiz uma prova esforçada na distância longa, e uma vergohosa prova de distância média, mas os meus adversários fizeram pior, logo fui campeão. Mas não estou satisfeito porque não estou a navegar bem, sinto-me em baixo de forma.
Esta época atingi o meu pico de forma no WRE do Centro, estava com uma grande carga de treino antes dos campeonatos nacionais onde tive um grave acidente, na paragem obrigatória concentrei-me na recuperação e o resultado foi muito bom, pedalei como um animal e naveguei exemplarmente. Ao voltar à rotina do trabalho, da grande responsabilidade familiar que sinto, começou a faltar disponibiliade para treinar, simplesmente stressante, não ter condições para dar o meu melhor contributo à orientação portuguesa. Não culpo ninguém senão a mim próprio, fiz opções que acho ser acertadas, mas que não favoreceram a minha disponibilidade para treinar.
Reconheço que a FPO fez um grande esforço para preparar um grupo de selecção competitivo para o mundial, mas sinto que nesse aspecto falta alguma estratégia competitiva na direcção da federação, nos estágios que se organizam há mais preocupação pela componente física do que pelo desenvolvimento da capacidade técnica (crítica construtiva!). Nós, atletas de Ori-BTT, treinamos sem mapa, primeiro porque não temos área cartografada para visitar e segundo porque a capacidade física é vital para subir a padróes competitivos internacionais, mas não podemos esquecer a vertente que dá nome ao nosso desporto - a orientação. Por isso, reunir os atletas num estágio ao fim-de-semana (alguns têm que fazer grandes deslocações) para melhorar a capacidade física parece-me um erro estratégico, como critiquei anteriormente. Todos nós temos condições para treinar fisicamente, basta ter uma bicicleta e ter vontade de dar umas pedaladas em cima dela, e podemos fazê-lo a qualquer hora. Agora treinar Ori-BTT, já não é bem assim!
Um comentário:
Pela frontalidade, pela honestidade e pela visão construtiva duma realidade que nem sempre é o que parece, obrigado Dani!
JOAQUIM MARGARIDO
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